O pum faz parte da digestão humana e continuará fazendo, quanto a isso, não há o que fazer. Pode gerar desconforto e dores abdominais por provocar uma distensão no intestino. Mas incômodo maior talvez seja a necessidade de lidar com ele. Não é à toa que existe pijama, cueca e calcinha anti-pum, contra constrangimentos. Mas o que fazer quando não tem roupa que segure?
A rejeição a esse muitas vezes barulhento e mau cheiroso impulso orgânico não é tão velha assim. A “repulsa ao pum” surge com outros hábitos de higiene adotados com o crescimento das cidades no século 19. Como mostra o historiador Alain Corbin na obra “História da Vida Privada – volume 4” (Cia das Letras), em uma época anterior, em que predominavam as comunidades rurais, o pum era sinal de “bom desempenho das funções naturais”. A higiene íntima, fruto do “processo civilizatório”, é que acentua “o desejo de manter à distância o dejeto orgânico, que lembra a animalidade, o pecado e a morte”, como diz o autor.
Se para você pum é um problema, saiba que ele não é tão simples. “O ser humano elimina até 1,5 litros de gases pelo ânus por dia. Dá uma média de 10 a 20 flatos”, diz Marcelo da Silva Pedro, médico-cirurgião do aparelho digestivo e 2º secretário do departamento de gastroenterologia da Associação Paulista de Medicina. As queixas sobre excesso de pum, que segundo o médico são muito comuns, só não são maiores porque a maioria dos gases escapam despercebidamente.
Quase toda a culpa é das bactérias que vivem em nosso intestino. É a fermentação bacteriana do alimento não digerido que produz gases. Eles também podem ser fruto da ingestão de ar. A fabricação dos chamados flatos no nosso intestino também pode ter características genéticas e passar de pai para filho. “Pais passam bactérias para os filhos no convívio. O seu pum vai ser parecido com o do seu pai por isso”, diz o gastroenterologista e professor do gastrocentro da Unicamp, Ademar Yamanaka.
O pum, via de regra, é formado por nitrogênio, oxigênio, hidrogênio, metano e gás carbônico, todos gases sem cheiro, como explica Silva Pedro. Mas e o cheiro? Ele vem da substância que representa 1% da composição do gás, também formada na metabolização dos alimentos: o enxofre. Parar de soltar pum não dá. Também não adianta segurar, ele vai sair uma hora — e fazer doer sua barriga enquanto você segura.
O que é possível é aliviar o excesso e reduzir o odor. As dicas são bem simples. “Gases são fruto do que a gente come ou bebe”, diz Yamanaka. A dica é: siga a comida (e a forma que você come).
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